Em sessão no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), a embaixadora do Brasil, Maria Nazareth Farani Azevêdo, afirma que o Brasil ‘leva muito a sério’ o combate à covid-19, diz que o país respeita o ‘direito humano à vida’, que as medidas que estão sendo tomadas pelo governo são, em especial, para os grupos mais vulneráveis [1], nega crise interna e sustenta que o país vive uma ‘democracia vibrante’ [2]. O discurso é uma reação às críticas recebidas da alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que afirmou estar ‘preocupada’ com o negacionismo da pandemia vindo do governo brasileiro [3]. Na mesma sessão, o Brasil foi denunciado por cerca de 160 organizações não governamentais e movimentos sociais por omissão e má condução do governo frente à crise do coronavírus [4]. Logo após, ONGs criticam a fala da embaixadora e afirmam que as declarações estão em ‘total desconexão com o Brasil real’ [5]. Esta não é a primeira vez que a diplomacia brasileira é criticada sobre a atuação do país em Direitos Humanos na ONU: em 2019, o governo se omitiu em relação a temas fundamentais como gênero [veja aqui] [veja aqui], tortura e migração [veja aqui]; em 2020, fez objeções a projeto de combate ao racismo da ONU [veja aqui], se alinhou a países repressivos [veja aqui], se absteve de votação sobre discriminação a mulheres [veja aqui] e, em julho, o presidente, Jair Bolsonaro, foi denunciado no Conselho de Direitos Humanos da ONU por ataques a jornalistas [veja aqui]. Ressalte-se que o Executivo federal apresentou vetos a lei que prevê a especial proteção e combate ao coronavírus para populações indígenas e quilombolas [veja aqui] e que já foi denunciado por falta de transparência na divulgação de dados sobre a crise sanitária [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui]. Além disso, desde o início da pandemia [veja aqui], o presidente acumula uma série de declarações e atos contrários a recomendações médicas e sanitárias [veja aqui], promovendo o uso de medicamentos sem comprovação científica [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui], opondo-se ao isolamento social [veja aqui] [veja aqui] e à política pública de vacinação obrigatória [veja aqui] [veja aqui].
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