Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Secretário da Cultura apresenta proposta de alteração da Academia Brasileira de Cinema e tenta interferir na escolha de representante brasileiro ao Oscar para que seja mais ‘alinhado’ com o governo federal

Tema(s)
Cultura, Liberdade Artística
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Secretário da Cultura, Mario Frias, apresenta proposta para alterar a composição da comissão eleitoral da Academia Brasileira de Cinema (ABC) e tenta intervir na escolha do filme que representa o país na indicação ao Oscar [1]. Segundo apuração da imprensa desta data, Frias apresentou proposta para que metade dos assentos da comissão eleitoral da ABC sejam ocupados pelo Conselho Superior de Cinema, atualmente submetido à Casa Civil, além de poder indicar o presidente da comissão, que tem direito de voto de desempate [2]. A proposta foi recusada pela ABC [3]. Até 2016, a escolha do filme brasileiro candidato ao Oscar era realizada por secretaria do antigo Ministério da Cultura, e após acordo entre o governo e a ABC por outros episódios envolvendo possíveis retaliações políticas na escolha, a ABC se tornou responsável pela indicação da comissão eleitoral [4]. Após não ter sua proposta aprovada, Frias teria ligado ao presidente da instituição, Jorge Pellegrino, para tentar interferir na escolha do filme brasileiro candidato ao Oscar de melhor produção estrangeira [5]. O secretário da Cultura afirmou que não poderia se repetir ocasião similiar à do ano passado, em que o documentário ‘Democracia em vertigem’ foi indicado ao prêmio como representante brasileiro [6] [veja aqui]. A produção retrata o processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, até chegar na polarização política que marcou as eleições de 2018. Frias ainda teria dito que o filme candidato ao prêmio de 2021 ‘deveria estar mais alinhado com os objetivos do governo federal’ [7]. Pouco tempo depois, a ABC recebe carta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood afirmando que apenas a ABC tem legitimidade na indicação do representante brasileiro para a premiação [8]. Em outras oportunidades, Bolsonaro ameaçou extinguir a Ancine caso não pudesse ‘filtrar’ as produções [veja aqui] e outro secretário da Cultura pediu demissão em razão de interferência indevida do governo [veja aqui]. Ainda, a Ancine alterou exigências para a liberação do filme ‘Marighella’ e a estreia teve que ser cancelada no Brasil [veja aqui] e o Itamaraty solicitou a retirada de filme sobre a vida de Chico Buarque em festival internacional [veja aqui].

Leia análise sobre o perfil do atual secretário da Cultura e sobre as competências da Secretaria da Cultura na visão de especialistas.

14 ago 2020
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