Em discurso apresentado na cúpula sobre a biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU) [1], o presidente Jair Bolsonaro afirma que ONGs comandam crimes ambientais no Brasil e no exterior [2]. Apesar da declaração, Bolsonaro não nomeou quais seriam essas organizações e tampouco apresentou provas sobre os supostos crimes [3]. No mesmo dia, o presidente reagiu negativamente a declaração do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, o qual afirmou a necessidade de preservação da floresta amazônica [4]. Na semana anterior, em discurso na Assembleia das Nações Unidas, Bolsonaro afirmou que o Brasil é ‘vítima de uma campanha brutal de desinformação’ sobre a Amazônia e o Pantanal e também atacou ONGs brasileiras chamando-as de ‘impatrióticas’ [veja aqui]. No mesmo período, a despeito do aumento recorde das queimadas na Amazônia e no Pantanal, a Secretaria Especial de Comunicação publicou nas redes sociais informação falsa sobre queimadas nessas regiões [veja aqui]. Esta não é a primeira vez que o presidente faz acusações sem apresentar provas contra organizações da sociedade civil e minorias: em 2020 Bolsonaro se referiu às ONGs na Amazônia como ‘câncer’ [veja aqui] e acusou indígenas pelos incêndios na Amazônia e Pantanal [veja aqui]. Já no ano passado, ele declarou que as organizações poderiam estar por trás de queimadas na região amazônica [veja aqui] e que o desmatamento no Brasil é ‘cultural’ e que o governo não deve ser perturbado com a questão ambiental [veja aqui]. Além disso, membros de ONGs que atuavam em brigadas de incêndio no Pará foram presos sem evidência do cometimento de crimes [veja aqui].