Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Vice-presidente da República critica dados do INPE sobre queimadas na Amazônia e sugere nova agência de monitoramento

Tema(s)
Informação, Segurança e meio ambiente, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Vice-presidente da República, o coronel Hamilton Mourão, defende em live a instituição de uma nova agência de monitoramento por satélite da Amazônia [1] e, no dia seguinte, compartilha em suas redes sociais [2] artigo que questiona a veracidade de dados produzidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão atualmente responsável pelo monitoramento [3]. Na terça-feira, Mourão já havia dito que opositor do governo no Inpe divulgava dados negativos sobre queimadas [veja aqui]. Ao apresentar a proposta de criação de uma nova agência, Mourão declara ‘precisamos ter uma agência, a exemplo do NRO dos Estados Unidos, que integre todos esses sistemas e com isso tendo um custo menor e sendo mais eficiente’ [4]. O ‘National Reconnaissance Office’ (NRO) é uma das maiores agências de inteligência dos EUA, sendo responsável por centralizar dados e imagens de todos os satélites do país [5]. Além disso, o NRO é vinculado ao Ministério da Defesa dos EUA [6]. Assim, se seguir à risca o modelo estadunidense, a nova proposta implicaria em controle militar. Ao ser questionado por veículo jornalístico sobre a natureza da nova agência, Mourão responde ‘pode ser militar ou civil’ [7]. No mesmo dia da live, a Polícia Federal – que é investigada pelo Tribunal de Contas da União pela compra de imagens de satélites – acusa o Inpe de monopolizar dados sobre desmatamento [veja aqui]. No mês anterior, o Ministério da Defesa também anunciou compra de microssatélite para monitorar a região, e Mourão apoiou a iniciativa sob o pretexto de preservar a ‘soberania do país’ [veja aqui]. Os embates do governo federal com o Inpe e seus servidores ocorrem desde o início da gestão Bolsonaro: em 2019, o presidente do órgão foi exonerado como forma de retaliação [veja aqui] e, em julho de 2020, coordenadora do programa que fiscaliza desmatamento também foi retirada do cargo [veja aqui]. Em outras oportunidades, Mourão afirmou que o desmatamento caiu [veja aqui] e negou queimadas na floresta amazônica [veja aqui].

Leia análise sobre a propagação de notícias falsas na internet sobre queimadas na Amazônia e entenda como ler os dados produzidos pelo Inpe sobre desmatamento.

18 set 2020
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