O presidente da República, Jair Bolsonaro, sugere, em fala para parlamentares da bancada ruralista, que conseguirá, caso reeleito em 2022, fazer indicações de ministros suficientes para ter um Supremo Tribunal Federal (STF) alinhado ao governo [1]. Até esta data, Bolsonaro já fez duas indicações de ministros para a corte: Kassio Nunes Marques [2] e André Mendonça [veja aqui], e, num eventual segundo mandato, espera poder fazer outras duas indicações [2]. Em sua fala, Bolsonaro defende, ainda, a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, que está em julgamento pelo STF, e diz que Nunes Marques ‘está conosco’, mencionando o voto do ministro a favor da tese [3]. O presidente afirma também que André Mendonça, cuja indicação ao STF aguarda aprovação pelo Senado, iria ‘na mesma linha’ [4]. Bolsonaro tem usado da prerrogativa de indicações ao STF para garantir aliados na corte: Nunes Marques autorizou, em abril de 2021, a realização de cultos presenciais durante a segunda onda da pandemia da covid-19 [veja aqui], defendeu o voto impresso [veja aqui] e também foi responsável pela perseguição a opositor do governo [veja aqui]; Mendonça, ao tomar posse como Ministro da Justiça, em 04/2020, disse que seria um ‘servo’, e Bolsonaro um ‘profeta’ [veja aqui]. O mesmo tem acontecido no Ministério Público Federal, com a indicação e a recondução de Augusto Aras, que tem conduta de alinhamento com o presidente [veja aqui], ao cargo de procurador-geral da República, desrespeitando a lista tríplice elaborada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) [veja aqui].
Leia mais sobre como funcionam as indicações de ministros para o STF e ouça análise sobre o uso que Bolsonaro tem dado a elas.