O comandante do Exército, general Edson Pujol, autoriza [1] nesta data a fabricação de pistolas da empresa SIG Sauer, com sede nos EUA e de origem alemã, que será produzida em versão nacional pela Indústria de Materiais Bélicos do Brasil (Imbel), empresa pública ligada ao Comando do Exército [2]. Com o despacho, o país passa a produzir determinadas pistolas da marca em questão e quebra o monopólio existente de produção da empresa brasileira CBC/Taurus, que é desafeta do presidente e sua família desde antes de sua eleição [3]. Se, por um lado, poderia ser positiva a quebra do monopólio, por elevar a qualidade da produção nacional [4] – o que é reivindicado por organizações da sociedade civil especialistas em segurança pública [5] -, por outro, a autorização se dá em momento de aumento de registro de armas por cidadãos comuns [veja aqui] e piora nos índices de violência [6] [veja aqui]. Tal decisão ocorre após pressão de um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e negociação intensa com o Exército [7]. Especialistas apontam a falta de critérios para a seleção da empresa alemã e criticam o fato de que Eduardo se reuniu diretamente com representante da empresa, tendo, à época, manifestado suas intenções pelas redes sociais [8]. O deputado já disse que defende ‘qualquer empresa’ de armas no país, em resposta à suposta alegação de lobby com a SIG [9]. Neste ano, a empresa nacional DFA já havia recebido autorização para fabricar pistolas de marcas estrangeiras em Goiás e, em 2017, empresa suíça recebeu autorização para abrir fábrica no país, mas a medida foi revertida pela Suíça [10]. Em 2020, o governo ampliou a agenda armamentista [veja aqui], zerou imposto de importação de armas [veja aqui] e o registro de armas aumentou substancialmente em relação ao ano anterior [veja aqui].
Leia reportagem sobre as relações do governo com a SIG Sauer e a pesquisa sobre armas de fogo como instrumento de segurança