Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo monitora jornalistas, parlamentares e formadores de opinião de acordo com posição ideológica e classifica parte deles como ‘detratores’

Tema(s)
Administração, Imprensa, Proteção de dados
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Apuração jornalística revela nesta data que o governo federal produziu relatório que monitora e categoriza jornalistas e formadores de opinião entre ‘detratores’, ‘neutros’ e ‘favoráveis’ [1]. O material foi elaborado por agência de comunicação contratada pelo governo e usa como critério postagens de 77 profissionais sobre o Ministério da Economia (ME) e o ministro da pasta, Paulo Guedes; em oito casos, há indexação do telefone pessoal de jornalistas [2]. O contrato da empresa é com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), mas o ME também usufrui do serviço [3], e é estimado em R$ 2,7 milhões, sendo mais de R$ 36 mil direcionados para a produção do ‘mapa de influenciadores’ [4]. Em entrevista, Guedes alega desconhecer o teor do relatório e afirma que há problemas de comunicação dentro da pasta [5]. Após a existência do documento se tornar pública, o ME rompe vínculo com a empresa responsável por sua elaboração, a BR+ Comunicação [6]. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) coleta assinaturas na tentativa de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso [7]. Outra apuração revelou, em novembro, que a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) também monitora o comportamento digital de parlamentares de oposição e da base aliada [8] [veja aqui]. O presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e o chefe da Secom, Fábio Wajngarten, são intimados por juiz a apresentar documentos sobre o monitoramento que tem sido feito e demonstrativos dos pagamentos efetuados para a empresa responsável pelo serviço [9]. No atual governo, outros episódios já mostraram a fragilidade da relação do Planalto com a imprensa: a Lei de Segurança Nacional foi usada como justificativa para abrir inquérito contra um chargista e um jornalista [veja aqui]; o presidente Bolsonaro realizou 245 ataques à imprensa em seis meses [veja aqui] e foi denunciado no Conselho de Direitos Humanos da ONU [veja aqui]. O Ministério da Justiça também já monitorou 579 servidores [veja aqui]; o Ministério Público do Rio Grande do Norte produziu relatório sobre agentes de segurança antifascistas [veja aqui]; deputado paulista realizou dossiê contra antifascistas [veja aqui], o secretário da Cultura determinou controle de postagens em sites e redes sociais de órgãos vinculados à Secretaria [veja aqui] e diversos ministérios intencionaram o controle de redes sociais de servidores [veja aqui]. Além disso, a liberdade de imprensa diminuiu, segundo relatório [veja aqui].

Leia análise sobre o histórico de monitoramentos do governo federal e os problemas por trás da prática.

01 dez 2020
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