Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Polícia Federal investiga professora por outdoor crítico

Tema(s)
Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

A Polícia Federal abre investigação sobre a professora universitária Erika Suruagy, que em 2020 atuava como presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), por outdoor crítico ao presidente da República [1]. A Aduferpe também é autora do outdoor, que exibia a imagem de Jair Bolsonaro com uma foice e os dizeres ‘Inimigo da educação e do povo, mais de 120.000 mortes por covid-19 no Brasil’ [1]. O inquérito é aberto nesta data por solicitação do presidente da República, que considera que a exposição do outdoor com críticas a sua gestão à frente do combate a pandemia da covid-19 é um crime contra a honra do Presidente [2]. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFPRE), lança nota repudiando a abertura do inquérito e descrevendo como fundamental a livre manifestação [3]. Em dezembro do ano passado, o Ministério da Justiça (MJ) abriu outro inquérito contra cidadão que fez críticas ao governo em outdoors [veja aqui]. E em março deste ano, dois docentes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) são investigados pela Controladoria-Geral da União e têm que assinar termos de ajustamento de conduta por manifestações contrárias a Jair Bolsonaro [veja aqui]. Ano passado, o MJ também monitorou 579 servidores ditos anti-fascistas, por meio de uma ação sigilosa da Secretária de Operações Integradas (Seopi) [veja aqui]. Aberturas de inquéritos por críticas ao governo de Jair Bolsonaro não são incomuns atualmente, já houve investigações contra jornalistas [veja aqui] [veja aqui], servidores [veja aqui] e até mesmo contra o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal [veja aqui], várias delas baseadas na Lei de Segurança Nacional [4]. A abertura de inquéritos baseados na LSN para reprimir opositores do governo pelo ex-ministro André Mendonça, atual advogado-geral da União, geraram consequências em outras instituições, quais sejam, a solicitação de esclarecimentos a Mendonça pela Procuradoria-Geral da União (PGR) sobre as investigações fundamentadas na lei [5] e o desgaste da imagem do ex-ministro no Supremo Tribunal Federal, ainda que ele seja o favorito a ocupar uma vaga no STF em julho [6].

Ouça o podcast que trata sobre como as instituições de governo estão sendo utilizadas para monitorar opositores.

29 jan 2021
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