O presidente Jair Bolsonaro declara preocupação com a vacina produzida pelo laboratório Pfizer e em tom de ameaça diz que vai expor a população as cláusulas contratuais impostas pelo laboratório estadunidense [1]. O pronunciamento do presidente é feito um dia depois da Pfizer obter registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso de sua vacina contra a covid-19 [2]. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também critica termos do contrato para a aquisição de vacinas, destacando dentre eles a não responsabilização do fabricante caso haja efeitos colaterais no paciente após a vacinação [3]. Ao lado de Bolsonaro, Pazuello também diz ter solicitado ajuda do Palácio do Planalto para mediar as negociações com a farmacêutica e afirma que, se liberada a autorização, o governo vai comprar as vacinas da Pfizer [4]. As declarações do Ministro e do Presidente ocorrem durante visita ao Acre, estado que está entre os que apresentam a menor cobertura vacinal contra a covid-19, com apenas 1,16% da população vacinada [5]. Pouco mais de uma semana após a fala do presidente no Acre, reportagem revela que o governo brasileiro rejeitou no ano passado a oferta de compra de 70 milhões de doses da vacina do laboratório americano, das quais três milhões já poderiam ter sido aplicadas [6]. Em nota, a Pfizer confirma a oferta das doses em agosto do ano passado e ainda acrescenta que foram feitas no total três ofertas de compra a União, duas em agosto e uma em novembro de 2020 [7]. Dois dias após a confirmação, o governo anuncia a compra de 14 milhões de doses do mesmo laboratório até junho deste ano [8]. A aquisição das vacinas do laboratório americano é confirmada pela Pfizer [9]. Em dezembro, Bolsonaro já havia falado que não poderiam culpá-lo se vacinados com a vacina da Pfizer virassem jacarés [veja aqui].
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