Os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) enaltecem atitude de policial militar da Bahia que, durante episódio de surto psicótico, abriu fogo contra colegas de tropa em ponto turístico de Salvador e acabou morto [1]. No dia 28/03, o soldado Wesley Soares saiu de seu posto de serviço armado de um fuzil, dirigiu-se a ponto movimentado da cidade e passou horas atirando para cima e gritando frases como ‘não vou deixar (…) que violem a dignidade e a honra do trabalhador’ [2]. Após tentativas de negociação, ele disparou contra o pelotão que mediava a ocorrência e estes revidaram – Wesley foi baleado, chegou a ser socorrido, mas não resistiu [3]. Após o ocorrido, Kicis usa suas redes sociais para defender as ações do soldado, chamando-o de herói, e criticar o governador da Bahia: ‘morreu porque se recursou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa (…) Esse soldado é um herói (…) chega de cumprir ordem ilegal!’ horas depois, ela remove a postagem e diz que irá aguardar as investigações, reconhecendo a ‘fundamental hierarquia militar’ [4]. Zambelli faz postagem que usa a frase ‘Sempre é hora de fazer o que é certo’, de autoria de Martin Luther King para defender a atitude do soldado [5]. Eduardo Bolsonaro compartilha vídeo da situação e compara as medidas restritivas para controle da pandemia com um ‘sistema ditatorial’: ‘aos vocacionados em combater o crime, prender trabalhador é a maior punição (…) esse sistema ditatorial vai mudar (…) estão brincando de democracia achando que o povo é otário’ [6]. Outras pessoas alinhadas ao governo, como o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) e o ex-deputado Roberto Jefferson também divulgaram comentários de endosso à atitude do soldado Wesley [7]. Jandira Ferghali (PCdoB-RJ), deputada da oposição, classifica as falas dos parlamentares como muito graves e fundamentadas em fatos não comprovados [8]. Essas manifestações acontecem em momento de escalada na disputa entre o governo federal e diversos governadores de estados, que se centra nas medidas de combate a pandemia da covid-19 [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui]. Diante desse embate e os ataques frequentes dos apoiadores de Bolosonaro as ações dos Estados, dezesseis governadores reagem por meio de uma nota, na qual denunciam um aumento crescente de atos violentos e fake news contra a gestão estadual [9]. Vale lembrar que Kicis, Zambelli e Eduardo Bolsonaro são alvos do inquérito das fake news [veja aqui] e do inquérito que apura atos antidemocráticos [veja aqui].
Ouça sobre como o surto do polícial da Bahia foi politizado por apoiadores do Bolsonaro e leia sobre a instrumentalização das polícias pelo governo atual.