Como no mês [veja aqui] e na semana [veja aqui] anteriores, o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 11/03, ele criticou o toque de recolher adotado no Distrito Federal (DF) e comparou-o, incorretamente [1], a um estado de sítio, o que voltou a fazer em situações posteriores [veja aqui] [2]. Na ocasião, uma videoconferência com parlamentares, ele também criticou o governador de São Paulo, por uma suposta ‘destruição’ de empregos, e a suspensão de jogos de futebol [3]. Mais tarde, em sua videoconferência semanal, voltou a dizer que nunca chamou a covid-19 de ‘gripezinha’, o que é falso, e criticou novamente o toque de recolher no DF. Também fez críticas aos governadores pela adoção de medidas restritivas [4]. No dia seguinte, em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada, criticou novamente medidas de distanciamento social e governadores que querem criar programas de distribuição de renda estaduais [5]. Em março do ano passado, o presidente chamou a doença de ‘gripezinha’ [veja aqui] – e depois também negou tê-lo feito [veja aqui]. Semanalmente, ele se opõe a medidas de distanciamento social e é comum seu discurso que antagoniza a economia e a saúde [veja aqui]. Entre 08/03 e 14/03, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de mais de 11 milhões [6] para quase 11,5 milhões [7] e as mortes atingiram o patamar de mais de 278 mil pessoas [8], com média diária de 1.832 mortes há 7 dias, de acordo com dados do consórcio de veículos da imprensa. Segundo apuração da imprensa desta semana, inclusive, o vírus já matou mais pessoas que em 2020 inteiro em 8 das 27 unidades federativas brasileiras [9].
Leia as análises sobre o negacionismo presidencial na pandemia e a responsabilidade do governo sobre a situação.