Deputado federal Eduardo Boslonaro (PSL- SP) enaltece chefes de estado autoritários em discurso de despedida da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados [1]. Ele agradece ao príncipe saudita Mohammed Bin Salman, responsável por reprimir dissidentes de seu governo e apontado como mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi [2], e ao premiê da Hungria Viktor Orbán, que apoia a pena de morte em seu país [3] e vem reprimindo a imprensa local [4]. Eduardo ressalta o apoio do príncipe saudita em acordo de 2019 que geraria investimento, pelo governo saudita, de até 10 bilhões de reais no Brasil [5]. Além do premiê Orbán, Eduardo reverencia também o chanceler húngaro Péter Szijjártó – ambos muito criticados na Europa pela política de ultra direita que vem reprimindo duramente a liberdade de imprensa na Hungria – afirmando ter sido muito bem recebido no país que para ele é ‘referência em várias áreas’ [6]. Eduardo também reafirma seu alinhamento com a política externa praticada por Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, e diz que esta ‘rompeu com vícios e atrasos’ e tem sofrido uma ‘campanha sórdida (…) por aqueles que se proclamam democráticos’ [7]. O sucessor de Eduardo na presidência da Comissão de Relações Exteriores é o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), eleito com 25 votos a favor e seis contrários [8]. Ao assumir o cargo, Aécio diz que fará uma politica internacional contraria a de Eduardo Bolsonaro, defendendo o multilateralismo, defesa dos direitos humanos, meio ambiente e o enfrentamento da pandemia que vem prejudicando em especial o Brasil [9]. Durante o tempo em que esteve a frente da comissão, Eduardo criticou a atuação do governo chinês na pandemia da covid-19, o que gerou embates diplomáticos envolvendo os dois países [veja aqui]. Araújo, por sua vez, afasta o Brasil de diversos compromissos internacionais, como de declaração da ONU que assegura os direitos reprodutivos de mulheres [veja aqui], e já deu diversas declarações controversas, como a de que combaterá o ‘narco-socialismo’ [veja aqui].