Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Saúde defende ‘uso racional’ de oxigênio, priorizando algumas vidas em detrimento de outras

Tema(s)
Administração, Saúde
Medidas de emergência
Restrição a direitos fundamentais

O quarto e recém empossado ministro da Saúde [veja aqui], o médico Marcelo Queiroga, afirma durante audiência no Senado Federal que ‘vamos fazer grande campanha, junto aos profissionais de saúde, para o uso racional de oxigênio’ [1]. Durante a audiência, Queiroga também declara que a produção de oxigênio no país é limitada: ‘não podemos desviar todo o oxigênio da área da indústria para área medicinal porque, senão a indústria vai ficar desabastecida’ e como solução propõe que sua pasta prepare protocolo para ‘uso racional de oxigênio’ [2]. A expressão ‘uso racional de oxigênio’ faz referência a protocolo médico que objetiva economizar o uso de oxigênio por hospitais com base em uma comparação entre o estado de gravidade dos pacientes [3]. Especialista sanitarista explica que ‘protocolos não são feitos para economizar. Eles garantem a segurança e qualidade ao paciente’ [4]. Igualmente, pneumologista da Fiocruz se preocupa com a proposta de racionalização, explicando que ‘o uso precoce do oxigênio reduz o risco do paciente ser intubado e o tempo de internação dele’ e ‘é claro que ninguém bota oxigênio em pacientes que estão bem’ [5]. Além disso, já existem protocolos sobre a internação em UTIs de pacientes contaminados pela covid-19, como o desenvolvido no ano passado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) [6]. Na prática, com o agravamento da crise sanitária em março de 2021 e uma fila de espera de atendimento que ultrapassa os 6.300 pacientes, os médicos já têm tido que realizar escolhas sobre a destinação de leitos e uso de insumos [7]. Vale lembrar que durante o colapso hospitalar no Amazonas [veja aqui], órgão do governo federal aumentou a tributação sobre cilindros de oxigênio [veja aqui], e que os gastos com medicamentos sem eficácia científica comprovada ultrapassaram R$18 milhões de reais no ano anterior [veja aqui].

Leia análises sobre a elaboração de protocolos médicos para internação e os desafios enfrentados por profissionais da linha de frente.

29 mar 2021
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