Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro coloca em dúvida dados do IBGE e cita inverdades

Tema(s)
Negacionismo, Trabalho
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, em entrevista à CNN, defende que a metodologia utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para avaliar o índice de desempregos no país precisa ser diferente [1]. Ele afirma que muitos empregos formais foram criados e que o aumento do desemprego está relacionado com a metodologia empregada pelo IBGE, que não contabilizaria como empregados os trabalhadores informais, que, agora, não conseguem trabalhar em razão da pandemia, e viram, então, desempregado quando a procurar emprego [2]. A fala de Bolsonaro gera reações por parte de especialistas na área [3]. A ex-presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, que pediu demissão [4] um dia após o Congresso Nacional (CN) reduzir em 90% o orçamento destinado ao censo demográfico 2021 [veja aqui], diz, em carta de despedida, que ‘a importância do Censo é reafirmada pelo próprio contexto de pandemia’ [5], pois, somente o Censo será capaz de revelar, com precisão, a realidade [6]. Segundo pesquisas do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil foi de 14,2% e atinge maior marca registrada para o trimestre desde o ano de 2012 [7], significando aumento de 2,4 milhões de desempregados, se comparado ao período anterior a pandemia [8]. Ainda em 2018, Bolsonaro havia declarado que pretendia rever a forma de calcular o índice de desemprego no país e disse que o seu cálculo era uma ‘farsa’ [9]. Em 2019, em entrevista à TV Record, voltou a defender que o método utilizado para identificar o número de desempregados no país não corresponde à realidade [10]. Nas duas ocasiões, o IBGE corrigiu as informações incorretas divulgadas pelo presidente [11] e comunicou que segue padrões da Organização do Trabalho (OIT) para a realização de suas pesquisas [12]. Já entre janeiro e fevereiro de 2020 parte dos dados de desemprego não foi divulgada pelo governo federal e em abril o presidente autorizou, via medida provisória, que dados fossem compartilhados por empresas de telecomunicação para uso do IBGE na pesquisa PNAD Contínua, pela qual também se aferem os desempregados [veja aqui].

Leia análise sobre a importância do IBGE para a criação de políticas públicas de combate às desigualdades no Brasil e veja reportagem sobre consequências da falta de trabalho e emprego durante a pandemia em São Paulo.

08 abr 2021
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