Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), coloca a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso na pauta de votação do plenário, apesar da matéria já ter sido rejeitada na comissão especial [veja aqui] por 23 votos a 11 [1]. Lira justifica, em coletiva de imprensa, que a PEC será votada no plenário sob justificativa de que ‘o voto impresso está pautando o Brasil’ e por isso é necessário uma decisão ‘inquestionável e suprema’ na ‘alçada máxima de decisão’ [2]. A matéria é então votada em 10/08 e rejeitada no plenário por 229 votos a favor e 219 contra; eram necessários ao menos 308 votos para que a proposta pudesse ser aprovada [3]. No mesmo dia da votação da PEC no plenário da Câmara dos Deputados, Bolsonaro participa de um desfile de blindados militares em frente a Praça dos Três Poderes, o que é interpretado como uma demonstração de força [veja aqui]. Lira se manifesta sobre o ocorrido como apenas uma ‘coincidência trágica’ [4]. Em meio a elevação do tom sobre a modificação do sistema eleitoral atual, deputados contrários à pauta alegam estar recebendo telefonemas e emails com ameaças de apoiadores de Bolsonaro [5]. Dois dias após a rejeição da PEC do voto impresso, o TSE anuncia medidas para aumentar a transparência das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral [6]. Mesmo diante da derrota da pauta na Câmara dos Deputados, Bolsonaro afirma que continuará sua ‘luta’ em favor do voto impresso, porém com ‘menos pressão’ [7]. A tentativa de modificação do sistema eleitoral brasileiro é uma das principais agendas de Bolsonaro e de sua base governista, que tem construído uma escalada de ataques e insultos à lisura e credibilidade das eleições [8]. Desde 2020, Bolsonaro faz declarações que incitam a desconfiança no sistema eleitoral [veja aqui] e questionam resultados . Entretanto, em 2021, as falas de Bolsonaro e de seus aliados se tornaram mais assertivas e mais constantes: em junho, Bolsonaro disse que houve fraudes e que tem provas [veja aqui], questionou a imparcialidade do presidente do Tribunal Superior Eleitoral [veja aqui]. Em julho e agosto, Bolsonaro afirmou que Aécio ganhou o pleito de 2014 [veja aqui], se negou a expor as provas que evidenciam as fraudes [veja aqui], protagonizou transmissão ao vivo com ataques às eleições [veja aqui] e vazou inquérito sigiloso sobre as urnas eletrônicas [veja aqui]. Em diversas ocasiões, condicionou a realização das eleições de 2022 à adoção do voto impresso [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] e tensionou as relações com o TSE [veja aqui] [veja aqui]. A justificativa da base bolsonarista para a modificação do sistema para o voto impresso é a possibilidade do voto ser auditável; contudo o Tribunal de Contas da União (TCU) já apresentou relatório que afirma a auditabilidade e confiabilidade das urnas eletrônicas [9].
Leia sobre a derrota da PEC do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados e sobre a atuação de Arthur Lira como presidente da casa.