O presidente da República, Jair Bolsonaro, diz, em conversa com apoiadores que ‘é covardia o que estão tentando fazer com o Brasil’, referindo-se à possibilidade de bloqueio do Telegram no país [1]. O aplicativo é alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal que apuram o vazamento de informações confidenciais e a disseminação de notícias falsas através da rede social [2]. Desde 2021, Bolsonaro possui um canal no aplicativo que, em outubro, ultrapassou a marca de 1 milhão de inscritos [3], número muito superior ao de outros adversários políticos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Ciro Gomes (PDT) [4]. Ao contrário do Whatsapp, a plataforma não tem limitações quanto ao encaminhamento de mensagens e permite a criação de grupos com até duzentas mil pessoas [5], representando uma das maiores preocupações para as eleições de 2022, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [6]. Por meio do Telegram, o blogueiro Allan dos Santos, alvo do inquérito das fake news e que teve as contas excluídas em outras plataformas, continua a proferir ataques às instituições democráticas, em especial ao STF [veja aqui] [7]. A empresa não tem sede nem representante legal no Brasil e tem se negado a colaborar com as investigações, ignorando exigências do Judiciário brasileiro[8]. A Secretária-geral e chefe do Programa de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Aline Osorio, desde o ano passado, já apontava as dificuldades em contactar a empresa [9]. Para o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barros, ‘nenhum ator relevante no processo eleitoral de 2022 pode operar no Brasil sem representação jurídica adequada, responsável pelo cumprimento da legislação nacional e das decisões judiciais’ [10].
Entenda mais sobre como a utilização do Telegram para a disseminação de notícias falsas pode afetar as eleições 2022