Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

MEC destina recursos para a compra de kits de robótica a escolas sem água e internet, beneficiando empresa de aliado do deputado federal Arthur Lira  

Tema(s)
Administração, Educação
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

De acordo com apuração jornalística publicada nesta data, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) destinou R$ 26 milhões de recursos do Ministério da Educação (MEC) ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra de kits de robótica para escolas de pequenas cidades de Alagoas [1]. Todos os sete municípios beneficiados contam com deficiências educacionais mais urgentes do que a adoção de projetos de robótica: falta de salas de aula, de computadores, de internet e até de água encanada [2]. Os R$ 26 milhões liberados para aquisição de kits de robótica aos municípios alagoanos representam 68% do total pago neste ano pelo FNDE para todo o país [3]. Os contratos foram firmados com a mesma empresa intermediária, a qual não produz kits de robótica [4] e cujos sócios são aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) [5]. Vale lembrar que cabe a Lira administrar a distribuição do Orçamento Secreto [veja aqui] [veja aqui], de onde veio o custeio para o material [6]. Em nota, o congressista diz não ter envolvimento com a contratação de empresas pelos municípios, que não solicitou aceleração de liberações e que os processos obedecem a critérios técnicos do FNDE [7]. Contudo, segundo especialistas, os kits foram adquiridos com sobrepreço e há indícios de que a liberação dos recursos foi feita sem observar critérios técnicos e com privilégios ao apadrinhamento político [8]. O presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, afirma, em audiência da Comissão de Educação do Senado, que a compra destes kits de robótica muito possivelmente atendeu a ‘indicações parlamentares’ [9]. Ponte já foi chefe de gabinete do ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), o qual, junto a Lira, comanda o Partido Progressista [10]. Vale lembrar também que o MEC e o FNDE foram investigados por um possível esquema informal de obtenção de verbas, operado por pastores evangélicos que não possuíam cargo público [veja aqui]. A investigação levou à exoneração do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em 28/03 deste ano [veja aqui].

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06 abr 2022
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