O Palácio do Planalto envia comunicado às empresas estatais determinando a submissão prévia de todo o conteúdo das publicidades, inclusive as de natureza mercadológica, à avaliação da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) [1]. O documento afirma se tratar de uma decisão estratégica a fim de maximizar o alinhamento das ações de publicidade do poder Executivo [2]. Antes dessa exigência, apenas os comerciais institucionais passavam pelo crivo do Planalto, de modo que, para as propagandas destinadas a vender produtos, bastava a aprovação da própria instituição que a encomendou [3]. A medida é tomada após o governo vetar uma propaganda do Banco do Brasil pautada por diversidade racial e sexual [veja aqui]. O ministro da Secretaria do Governo, em entrevista, afirma que a decisão ‘não tem validade’ ao ferir normas do governo [4]. Dois dias depois, o governo reconhece a ilegalidade da medida, por inobservância da Lei de Estatais, que determina não ser de competência da administração direta a intervenção no conteúdo de publicidade [5]. De acordo com ex-secretário de Comunicação, a medida poderia gerar efeitos nocivos, pois o governo tem interesses diferentes daqueles do mercado [6]. As polêmicas envolvendo a Secom são recorrentes, como a crítica feita pelo órgão à cineasta brasileira indicada ao Oscar pelo documentário sobre a democracia no país [veja aqui], a utilização de jargão semelhante ao nazista em campanha [veja aqui], a acusação à chargista e jornalista de estarem cometendo crime por charge crítica ao presidente [veja aqui] e o uso de verbas para financiar canais que atacam instituições democráticas [veja aqui].
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.