Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Carla Zambelli, deputada federal, participa de ‘resistência civil’, em Miami, questionando o resultado das eleições

Tema(s)
Eleições, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Carla Zambelli, deputada federal (PL-SP) participa de ato de ‘resistência civil’ em Miami, nos Estados Unidos [1]. Zambelli justifica a existência da ‘resistência civil’, como os próprios manifestantes se referem ao ato, ‘é importante para que a imprensa mundial saiba que os brasileiros estão contra tudo o que está acontecendo no Brasil: a censura e essas outras coisas’ [2]. A manifestação questiona a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais pedindo intervenção militar e soma-se a diversas manifestações bolsonaristas e antidemocráticas que ocorrem no Brasil, como o bloqueio de estradas e a vigília em frentes a quartéis militares [veja aqui]. O ato, com o anúncio da participação de Zambelli, foi convocado por meio de serviços de mensageria privada – WhatsApp e Telegram – em grupos de extrema-direita [3]. A deputada viaja aos Estados Unidos logo após episódio em que é filmada ameaçando atirar em um cidadão, no dia anterior às eleições [veja aqui]. Vale lembrar que Zambelli teve seu perfil no Twitter suspenso no dia seguinte às eleições, por decisão judicial, por incentivar manifestações antidemocráticas de caminhoneiros que paralisaram diversas estradas no país questionando o resultado das eleições e pedindo intervenção militar [veja aqui]. Reeleita e a segunda deputada federal mais votada de São Paulo em 2022, Zambelli é considerada uma das principais figuras no Legislativo que apoiou e liderou pautas do governo [4]. A deputada também ficou conhecida pelo negacionismo na pandemia e por incentivar as pessoas a não se vacinarem [veja aqui] [veja aqui].

06 nov 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Comandante do Exército determina que militares não coíbam atos antidemocráticos em frente a quartéis

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O comandante do Exército, general Freire Gomes, determina que batalhões não reprimam manifestações antidemocráticas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que acampam em frente a quartéis desde o fim do segundo turno [1]. Os manifestantes protestam pedindo a interferência das Forças Armadas no resultado eleitoral, inclusive com golpe militar [2]. Segundo comandantes do Exército, estes atos antidemocráticos seriam constitucionais e, por isso, não deveriam ser coibidos pela caserna [3]. No dia seguinte, as Forças Armadas lança nota conjunta nesta sexta-feira (11), assinada pelos comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica, na qual não condenam os protesto, embora afirmem que a solução de eventuais controvérsias ocorra dentro do Estado Democrático de Direito [4]. Na nota, os comandantes condenam ‘eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos’, além de ‘eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade’ [5]. Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições e preferência política dos manifestantes, demorou mais de 24 horas para reconhecer o resultado do pleito [veja aqui][veja aqui][veja aqui][veja aqui], chegando a ameaçar fazer uso das Forças Armadas [veja aqui].

Leia mais sobre a relação entre os atos de Bolsonaro e as manifestações antidemocráticas

10 nov 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro passa 20 dias sem compromissos oficiais após eleições

Tema(s)
Administração, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O presidente Jair Bolsonaro (PL) volta ao Palácio do Planalto, seu local de trabalho, após 20 dias sem compromissos na agenda oficial, embora não estivesse de férias [1][2]. A ausência de compromissos de Bolsonaro, associada com uma maior reclusão e com a ausência de manifestações públicas, coincide com a derrota do presidente para o seu adversário e mandatário eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) [3]. Durante o período, apoiadores de Bolsonaro bloquearam rodovias, o que foi criticado pelo presidente [4], e se reuniram em frente a quartéis para pedir intervenção militar e evitar a posse de Lula, o que não foi condenado por Bolsonaro [veja aqui]. Durante o período em que não registrou compromissos oficiais, Bolsonaro delegou ao vice Hamilton Mourão tarefas do dia-a-dia presidencial, dentre elas a de receber cartas credenciais de embaixadores estrangeiros que irão atuar no Brasil, cerimônias das quais o presidente participou no início do seu mandato [5]. Em 9/12, Bolsonaro volta a fazer manifestações públicas e realiza fala em que afirma que seus apoiadores é que decidirão seu futuro e exaltou sua ligação com as Forças Armadas: ‘tenho certeza que entre as minhas funções garantidas na Constituição é ser o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas são essenciais em qualquer país do mundo. Sempre disse ao longo desses quatro anos que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo’ [6]. Vale lembrar que Bolsonaro não reconheceu publicamente a derrota no pleito eleitoral [veja aqui].

16 nov 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo Bolsonaro faz bloqueio geral de R$5,7 bilhões no orçamento do Executivo e afeta Ministérios,serviços e políticas públicas.

Tema(s)
Administração, Economia, Educação, Orçamento, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Ministério da Economia (ME) anuncia novo bloqueio de R$5,7 bilhões no orçamento de 2022 do Executivo [1]. O ato se soma a uma série de bloqueios que totalizam a restrição de R$15,7 bilhões do orçamento que já estava previsto para as despesas públicas do ano [2]. O bloqueio é geral e indiscriminado e será alocado em diferentes ministérios nos próximos dias [3]. As justificativas para a medida são, de modo geral, o respeito à regra do teto de gastos, além disso, o Relatório que prevê os contingenciamentos também cita gastos adicionais com pagamentos de benefícios previdenciários e a execução da Lei Paulo Gustavo [4]. Relembre-se que o governo tentou adiar o repasses da Lei Paulo Gustavo para 2023 [veja aqui], mas teve tentativa frustrada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou a medida inconstitucional [5]. O contingenciamento afeta, sobretudo, as despesas discricionárias dos Ministérios, que contemplam gastos com a maioria das políticas públicas, as áreas mais afetadas são a de educação e a saúde [6]. Por exemplo, neste bloqueio, R$1,65 bilhões são retirados da Saúde [7]. A medida afeta programas como o Farmácia Popular, política pública de disponibilização de medicamentos básicos na atenção primária à saúde [8], que exemplifica um gasto discricionário da pasta [veja aqui] [9]. O bloqueio afeta também a educação, zerando caixas de universidades e institutos federais e gerando atraso no pagamento de bolsas estudantis, por exemplo [veja aqui]. Além dos bloqueios a Ministérios, outros serviços públicos, como a confecção de passaportes, essencial para a garantia do direito fundamental de ir e vir, foi suspenso por falta de verbas [10]. A principal justificativa para a austeridade orçamentária é a regra do teto de gastos, que se tornou parte da Constituição em 2016 e limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior [11], Os limites impostos pela regra já eram conhecidos na aprovação do orçamento e na definição dos recursos para cada Ministério em 2022 [12]. Segundo especialista, o corte em políticas públicas pode ser explicado não só pelo teto de gastos, mas pelas escolhas de alocação de recursos feitas pelo governo em 2022 [13]. Por exemplo, o governo aprovou a maior previsão de recursos para as emendas de relator – orçamento secreto -, manobra largamente criticada por falta de transparência.[veja aqui] [veja aqui]. Em maio, por exemplo, os gastos com as emendas já totalizavam R$3 bilhões [veja aqui].

Ouça podcast que analisa os bloqueios orçamentários no fim da gestão Bolsonaro e o impacto para as políticas públicas

22 nov 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo faz novo bloqueio no orçamento do MEC, que zera o caixa das instituições e universidades federais

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Governo Bolsonaro envia ofício para institutos e universidades federais comunicando bloqueio de R$366 milhões da verba prevista no orçamento anual das instituições [1]. A medida faz parte do bloqueio geral na área da Educação e da Ciência de R$1,4 bilhões, e até a presente data o governo não discrimina os destinatários e os valores exatos das restrições [2]. O governo alega que o motivo da decisão é o de cumprir a regra do teto de gastos, que limita o aumento das despesas públicas à inflação [3]. O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), que representa os Institutos Federais (IF’s), os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), as Escolas Técnicas e o Colégio Pedro II, afirma que os caixas dos Institutos estão zerados e que o bloqueio afeta as suas atividades básicas como ‘a assistência estudantil, bolsas de estudo, atividades de ensino, pesquisa e extensão, visitas técnicas e insumos de laboratórios’ [4]. Em nota, o MEC diz que foi comunicado pelo Ministério da Economia (ME) sobre a medida, mas ‘em momento nenhum participou dessa decisão’ [5]. Segundo o ME, será necessário bloquear R$ 5,7 bilhões das despesas do governo do quarto bimestre para não ultrapassar os limites legais [6]. Diversas instituições e associações da comunidade acadêmica reagem ao ato com preocupação, em especial, pela medida ocorrer ao fim do ano, quando é menos provável que os recursos sejam reintegrados [7]. Para dirigentes e reitores, um bloqueio nesta data já pode ser considerado corte de verbas, ou seja, a retirada definitiva de recursos com os quais gestores já haviam feito compromissos: ‘corte, uma vez que por essa regra, depois do dia 9/12 a instituição não poderá mais empenhar’ diz em nota o Conif [8], Nas universidades, além da preocupação com as despesas de atividades cotidianas (energia, luz, limpeza, restaurantes, bolsas), há receio de que até salários fiquem comprometidos: ‘se o bloqueio não for revertido, não teremos como pagar os salários de cerca de 900 profissionais extraquadros que complementam a mão de obra do Complexo Hospitalar e da Saúde da UFRJ’, diz em nota a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) [9]. O Complexo Hospitalar da UFRJ compreende, por exemplo, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, que é o que mais realiza consultas ambulatoriais via Sistema único de Saúde (SUS) no estado do Rio de Janeiro [10]. Vale lembrar que, em 2022, o governo já realizou outros bloqueios das verbas da Educação, como os realizados em maio [veja aqui] e em outubro [veja aqui]. A política fiscal do governo Bolsonaro resultou na gestão que mais cortou no orçamento da Educação e da Ciência em vinte anos [veja aqui] e no atraso de pagamento de bolsas no último mês do ano [veja aqui].

Ouça episódio de podcast que relembra as crises na pasta da educação no governo Bolsonaro e leia declarações de universidades e institutos sobre as medidas orçamentárias

28 nov 2022
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