Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Em seminário do Itamaraty, Ministro das Relações Exteriores minimiza o crime de tentativa de estupro

Tema(s)
Gênero e orientação sexual
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Durante a abertura de seminário do Itamaraty sobre ‘Globalismo’, o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirma que ‘hoje, um homem olhar para uma mulher já é uma tentativa de estupro’, o que pra ele seria reflexo de um ‘moralismo’ [1]. A fala que minimiza os efeitos do crime de estupro vai na contramão dos resultados de pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para o ano de 2019, a qual constata que no país ocorrem diariamente mais de 180 estupros, sendo as principais vítimas mulheres (82%) e meninas de até 13 anos (54%) [2]. A diretora do FBSP relembra que os dados podem não refletir totalmente a realidade, pois o estupro é um crime no qual ‘é muito comum que não se registre boletim [de ocorrência]’, isto é, que podem ser bem maiores [3]. Vale notar que em outras oportunidades, Araújo se pronuncia de modo depreciativo em relação à minorias, negando a existência de LGBTs [veja aqui] e afirmando em audiência pública que gênero seria ‘sexo biológico’ [veja aqui]. Ressalta-se, ainda, que tal posicionamento se reflete na postura oficial do Ministério das Relações exteriores, o qual deixa de utilizar o termo gênero [veja aqui], censura informações sobre a política de gênero que embasa a posição do governo na ONU até 2024 [veja aqui], se alinha a países fundamentalistas no Conselho de Direitos Humanos da ONU para barrar medidas que ampliam direitos das mulheres [veja aqui], e promove conferência anti-aborto [veja aqui].

Leia análise sobre a trajetória anti-gênero da diplomacia brasileira sob a liderança de Araújo, entenda o que por lei configura estupro e acesse o anuário de segurança pública com os dados sobre violência sexual

11 jun 2019
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