O presidente Jair Bolsonaro afirma, em entrevista na porta do Palácio do Alvorada, que irá boicotar os produtos de empresas que anunciam no jornal Folha de S. Paulo [1]. Na ocasião, declara que ele e seus ministros não leem a Folha e recomenda que a população deixe de comprar o jornal até que ‘aprendam’ a publicar a verdade [2]. Entidades de defesa da imprensa criticam a postura do presidente, afirmando que há uma falta de compromisso com a democracia e a liberdade de expressão [3]. A declaração é dada após Bolsonaro ser questionado sobre decisão do dia anterior de excluir o jornal do edital de licitação para a contratação de assinaturas de jornais e revistas [veja aqui]. Ao ser indagado se a medida se tratava de um boicote, Bolsonaro afirma que ‘deu o seu recado’ [4] e que a decisão serve para economizar dinheiro público porque o jornal não serve ‘nem para forrar o galinheiro’ [5]. As declarações se inserem em um contexto de ataques à imprensa, com ocorrência de 116 vezes no ano de 2019 [veja aqui] e 245 vezes no primeiro semestre de 2020 [veja aqui], que incluem a ofensa de Bolsonaro à Folha, chamando-a de ‘esgoto’ [veja aqui] e ‘lixo’ [veja aqui] e seus ataques a jornalistas como Constança Rezende [veja aqui], Patrícia Campos Mello [veja aqui], Vera Magalhães [veja aqui] e jornalistas como um todo [veja aqui]. Em seu primeiro ano de governo, também adotou medidas para diminuir as receitas midiáticas, ao dispensar tanto empresas de publicar balanços financeiros em jornais [veja aqui], como a administração pública da obrigação de publicar editais de licitação em jornais de grande circulação [veja aqui].
Leia as análises sobre a série de ataques de Bolsonaro à Folha de S. Paulo e os limites que o presidente ultrapassa ao atacar a imprensa.