Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores envia artigo através do clipping do Itamaraty, no qual afirma que a América Latina vive dentro de um ‘horizonte comunista’ há cerca de 20 anos, com a ascensão de Cháves e Lula ao poder [1]. Horas depois o texto é publicado no site Terça Livre [2]. O Ministro repete sua tese contra o globalismo presente em discursos anteriores [3], que define como ‘captura da economia globalizada pelo aparato ideológico marxista através do politicamente correto, da ideologia de gênero, da obsessão climática, do antinacionalismo’ e entende ser o principal instrumento de construção do comunismo na atualidade [4]. Afirma que, apesar de o Brasil buscar o reenquadramento do liberalismo no horizonte da liberdade, o horizonte comunista ‘quer voltar a estrangular-nos’ [5]. A retórica do combate à ameaça comunista, utilizada ativamente no golpe de 1964 [6], foi promessa de campanha do atual presidente [7] e é constantemente reforçada por Bolsonaro [8]. O artigo também está alinhado com posturas anteriores do Itamaraty contra políticas de gênero [veja aqui] e do Ministro, que discursou em setembro contra o ‘climatismo’ [veja aqui].
Leia as análises sobre a eleição de 2018 e a ‘ameaça comunista’, a relação do governo Bolsonaro com o golpe de 1964 e o papel do Ministro Ernesto Araújo na diplomacia brasileira, ouça também análise histórica do anticomunismo no Brasil.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.