O presidente Jair Bolsonaro profere ofensas com insinuação sexual à jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de São Paulo, dizendo: ‘ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]’ [1]. A fala de Bolsonaro é realizada durante entrevista, diante de um grupo de simpatizantes, em frente ao Palácio da Alvorada. A declaração faz coro às declarações de Hans River, ex-funcionário de empresa de marketing digital investigada na CPI das Fake News, de que a repórter teria se ‘insinuado’ sexualmente para obter informações [2]. A acusação, apesar de falsa [3], é também disseminada por um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) [4]. Em outubro de 2019, Mello, baseada em documentos da Justiça eleitoral e relatos de River, publica reportagem demonstrando o uso fraudulento do WhatsApp durante o período eleitoral para o disparo de mensagens em massa contra opositores, inclusive a empresa de Hans River [5]. Não é a primeira vez que Bolsonaro se utiliza de insultos e do compartilhamento de notícias falsas para desqualificar o trabalho de jornalistas [veja aqui], especialmente de mulheres [veja aqui]. A declaração do presidente é repudiada por entidades da imprensa, da sociedade civil e por parlamentares [6]. No mês seguinte, a repórter inicia ação judicial contra Bolsonaro com pedido de indenização por danos morais [7]. Em 16/03/21, Bolsonaro será condenado pagar indenização por danos morais, no valor de R$ 20.000,00 à jornalista Patrícia Campos Mello, por ofensas de natureza sexual [8].
Leia análise sobre o uso das redes sociais para disseminação de ataques contra a jornalista e ouça sobre a utilização de insultos de cunho sexual como estratégia de desqualificação das mulheres.