Seguindo uma tendência desde o início deste governo [veja aqui], os militares vêm ocupando mais cargos na Administração Pública. De julho de 2019 para fevereiro de 2020, houve aumento de 65% no número de integrantes do Exército no governo [1]. Levantamento desta data mostra que pelo menos 2.897 cargos da Administração federal são ocupados por integrantes das Forças Armadas da ativa e 8 dos 22 ministérios têm a chefia fardada [2]. Outro levantamento, de outubro de 2019, já havia apontado que ao menos 2.500 membros das Forças Armadas ocupavam cargos de chefia ou assessoramento em ministérios e repartições [3].
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.