Em seu terceiro pronunciamento televisivo sobre a crise da covid-19, o presidente chama a doença de ‘gripezinha’, diz que a rotina do país deve voltar ao normal e critica as ações de governadores a favor do isolamento social e a cobertura da mídia [1]. Segundo ele, os empregos devem ‘ser mantidos’ e o ‘sustento das famílias’, preservado, por isso governadores deveriam abandonar suas estratégias de isolamento e reabrir escolas, já que a população de risco do vírus teria mais de 60 anos. Segundo Bolsonaro, veículos midiáticos também teriam agido incorretamente, alastrando uma sensação de ‘pânico’ e ‘histeria’ que não encontraria espelho na realidade [2]. O discurso presidencial foi acompanhado por panelaços em diversas cidades brasileiras, que aconteceram durante vários dias seguidos, desde 17/03 [3]. Após pronunciamento, grande parte dos governadores disseram que manteriam as iniciativas de emergência e diversos deles criticaram abertamente o presidente [4]. Parlamentares se opuseram ao discurso [5], inclusive o presidente do Senado [6], que classificou como ‘graves’ as declarações do presidente [7]. Bolsonaro já havia se pronunciado oficialmente antes em duas ocasiões [veja aqui] e altera o tom de seu discurso posteriormente [veja aqui].
Leia as análises sobre grupo de governadores do Nordeste em reação ao discurso, o que o presidente já falou sobre a pandemia, a intenção discursiva de Bolsonaro na ocasião e a repercussão internacional.