Desde o começo da crise da covid-19 até esta data, Bolsonaro acumula diversas manifestações, muitas vezes desprezando a importância do vírus e as medidas tomadas para o enfrentamento da crise. Não só o presidente faz declarações contrárias às recomendações científicas e sanitárias a respeito da pandemia, como também viola o isolamento social. Em 09/03, quando estava em viagem aos EUA, o presidente afirmou que o coronavírus estaria ‘superdimensionado’ [1], em alinhamento com a posição originalmente negacionista do presidente norte-americano Donald Trump. No dia seguinte, ele declarou que a imprensa estaria criando a crise da COVID-19 e que ‘muito do que tem ali é mais fantasia’ [2]. Em 11/03, afirmou que ainda não havia conversado com o Ministro da Saúde, mas que, pelo que tinha ouvido até o momento, ‘outras gripes mataram mais do que essa’ [3]. Em 15/03, o presidente participou de manifestação pró-governo [veja aqui], mesmo após ter dissuadido anteriormente manifestantes em seu pronunciamento televisivo de 12/03. No mesmo dia, Bolsonaro deu entrevista à rede CNN, afirmando que não poderia haver ‘histeria’ no combate à crise e que não se poderia ‘entrar numa neurose’ [4]. Segundo ele, já havia acontecido crise semelhante em 2009, quando o PT estava no poder, e a reação não teria sido essa [5]. Por isso, arrematou que ‘com toda a certeza, há um interesse econômico envolvido nisso tudo’ [6]. A postura de negacionismo sanitário do presidente continuaria na segunda quinzena do mês [veja aqui]. Entre o início das infecções por covid-19 no país até esta data, o número de casos de infectados pela covid-19 no Brasil passou de 25, em 09/03 [7], para 200, em 15/03 [8], de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Leia as análises sobre os atos de Bolsonaro em março, uma ação ajuizada contra o presidente em razão de suas posturas, a repercussão internacional na mídia norte-americana e inglesa.