Dando sequência ao repertório de manifestações contrárias a recomendações científicas e sanitárias [veja aqui], Bolsonaro volta a desmerecer a importância da crise e defende que ‘todo empenho pra achatar a curva praticamente foi inútil’ em sua videoconferência semanal [1]. Como já havia defendido antes [veja aqui], afirma que, como de toda forma (com ou sem isolamento) 70% da população virá a ser infectada, isso indicaria a inutilidade do isolamento — o que contraria a análise de especialistas sobre o tema [2]. Não mencionando dados que respaldem sua posição, o presidente afirma também que as pessoas querem voltar a trabalhar e que o desemprego é um efeito colateral das medidas de quarentena. Segundo ele, caberia a prefeitos e governadores adotar medidas para gerir a crise: ‘não vou entrar no mérito, nem vou discutir. Ao governo federal praticamente não cabe quase nada’ [3]. Ao fim do pronunciamento, solidariza-se com as famílias das vítimas do novo coronavírus [4], em contraste com seu pronunciamento anterior em que minimizou a importância as mortes [veja aqui]. Em resposta, houve críticas à afirmação sontra o isolamento social [5]. No dia de sua afirmação, o Brasil totaliza 87.187 casos confirmados de covid-19 [6], ultrapassando a China nesse quesito, epicentro inicial da doença [7]. Também totalizam no dia 6.006 mortes pela covid-19 [8].
Leia as análises sobre a queda de braço entre Bolsonaro e governadores após esse pronunciamento, a conjuntura da pandemia e o cenário político segundo grupo de professores da USP e as características positivas de líderes nesse tempo de crise.