A Funai (Fundação Nacional do Índio) ainda não apresentou nenhum plano para proteção das aldeias indígenas em relação à contaminação da covid-19 [1]. Já existem 2.392 casos de indígenas contaminados pela doença [2]. 23 povos indígenas levantaram barreiras sanitárias, em suas aldeias, bloqueando o acesso de pessoas de fora da comunidade, para evitar o contágio da doença [3]. Ao menos 40 etnias adotam essa medida; no entanto, a Funai desincentiva as medidas [4]. Devido à falta de amparo, os indígenas são obrigados a buscar auxilio fora das aldeias, gerando contaminações, bem como o contato com profissionais de saúde contaminados e assintomáticos [5]. Em 29/05/2020, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) denunciou que a Funai já teria gastado parte da verba enviada para a proteção de aldeias com a compra de veículos, que está sob investigação por irregularidades na licitação [6], mas não apresentou sequer uma ação de proteção [7], resultando em investigação pelo MPF [8]. Líderes indígenas pedem auxílio para a ONU [9] e associações indígenas pedem um plano de apoio a Secretaria Especial de Saúde Indígena [10]. Em defesa dos indígenas, o prefeito de Manaus representa contra o governo federal junto à Organizações Internacionais [11]. Na terceira semana de junho, Senadores aprovam o projeto de lei [12] que combate o avanço da Covid-19 em terras indígenas e segue para sanção presidencial [13]. Povos indígenas isolados são contaminados, fato que leva ação no Supremo Tribunal Federal (STF) requerendo medidas de proteção [14]. O Governo Federal não cumpre com a determinação do STF e fica omisso em relação à obrigatoriedade de apresentar um plano para construção de barreiras sanitárias em terras indígenas [15].
Leia as análises sobre a situação na pandemia, segundo liderança indígena, e a ameaça ao povo Yanomami por garimpo.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.