A Advocacia-Geral da União (AGU) defende num parecer em processo judicial que podem existir ‘interpretações divergentes’ sobre o período da ditadura militar brasileira [1]. A ação trata das publicações feitas pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom) e pede a remoção de postagens em redes sociais, incluindo publicação em que o Major Curió é chamado de ‘herói do Brasil’ [veja aqui]. O parecer da AGU afirma que há diversas visões historiográficas e que ‘ não há possibilidade de se manter uma única percepção histórica no espaço público’. Ainda segundo o órgão, deve-se ‘conviver com as possíveis ou pontuais interpretações outras da cadeia de acontecimentos do mesmo período, que nem sempre vão revelar somente uma versão de aniquilação de direito’ [2]. Entidades da sociedade civil criticam o parecer em seguida, como a Associação de Advogadas e Advogados Públicos pela Democracia, em repúdio à instrumentalização e militarização da Advocacia Geral da União [3]. Segundo nota publicada pela organização, a AGU estaria sendo utilizada ‘contra o seu propósito constitucional’ e estaria distorcendo ‘fatos históricos em frontal desacordo com o conteúdo da Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso da Guerrilha do Araguaia e do Relatório da Comissão Nacional da Verdade’ [4].
Leia a análise sobre uma irmã que busca os restos mortais do irmão morto por Curió na guerrilha do Araguaia, artigo sobre as denúncias feitas pelo MPF de crimes da ditadura militar e artigo sobre a aplicação da lei da anistia no Brasil.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.