Como na semana [veja aqui] e mês anteriores [veja aqui], o presidente descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 23/05, Bolsonaro voltou a enaltecer a cloroquina a apoiadores no Palácio da Alvorada [1]. Além disso, causou nova aglomeração ao visitar padaria em Brasília, cumprimentar apoiadores e tirar fotos [2]. No mesmo dia, saiu para jantar em tenda de rua na cidade e repetiu gestos desencorajados por autoridades médicas [3]. Em 24/05, compareceu a mais um protesto pró-governo, como já vem fazendo há semanas [veja aqui]. Não usou equipamento de proteção individual e sobrevoou a área de helicóptero com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Heleno [4]. No dia seguinte, voltou a falar com apoiadores no Palácio da Alvorada e criticou a imprensa [veja aqui], não usando máscara todo o tempo [5]. Em 28/05, fez discurso violento e exibiu conflitos com o Judiciário [veja aqui], afirmando que ‘ordens absurdas não se cumprem’, ocasião em que, novamente, não utilizou máscara. Em 30/05, passeou por cidade próxima a Brasília sem máscara, cumprimentou e conversou com apoiadores [6]. No último dia do mês, voltou a participar de manifestação pró-governo e passeou a cavalo no local do ato, não fazendo uso de máscara de novo [7], dia em que o país superou a marca de meio milhão de infectados [8]. Entre 22 e 31/05, o número de infectados pela covid-19 subiu de 332.382 [9] para 514.992 pessoas [10] e as mortes somaram 29.341 pessoas [11], de acordo com dados das Secretarias Estaduais de Saúde.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.