Jair Bolsonaro, presidente da República, compartilha bordão do fascismo italiano ‘Melhor viver um dia como leão que cem anos como cordeiro’, em seu perfil no Twitter e gera discussão na rede social [1]. Havia ainda uma legenda para a frase que dizia ‘em 1 minuto o velho italiano resumiu o que passamos nos dias de hoje’ e um link para um vídeo que não necessariamente exaltava o fascismo [2]. A frase é muitas vezes atribuída ao ditador italiano Benito Mussolini e foi apropriada pelo movimento fascista do país; outro líder mundial, Donald Trump, presidente dos Estado Unidos, já tinha utilizado-a em 2016 e foi fortemente criticado [3]. Vale lembrar que em 31/05, Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, órgão que tem sido palco de embates com o governo federal [veja aqui], comparou o cenário nacional à ascensão do regime nazista, aliado ao fascismo italiano [4]. Outra associação entre a postura de Bolsonaro e apoio a regimes totalitários aconteceu no dia seguinte, 01/06, quando Bolsonaro grava vídeos tomando um copo de leite. A reação nas redes se deu especialmente por pesquisadores, que apontaram o copo como símbolo de alinhamento à extrema-direita americana, que utiliza-o como forma de exaltar a superioridade da raça branca [5]. O presidente afirmou tratar-de de um desafio da Associação Brasileira de Produtores de Leite [6], mas um de seus apoiadores, Allan dos Santos, investigado no inquérito de fake news, repetiu o gesto com a bebida e afirmou haver uma ‘mensagem subliminar’ [7].
Ouça podcast sobre a relação entre a crise brasileira e a apologia a regimes totalitários e leia as análises sobre a ascensão de sites neonazistas no país e a relação com o governo e o uso do copo de leite por supremacistas brancos americanos – em inglês.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.