Polícia Civil do Rio de Janeiro abre inquérito contra o jornalista Leandro Demori, editor-executivo do The Intercept Brasil, por conta de reportagem que evidencia operação policial letal em comunidade no Rio [1]. A investigação visa a apurar suposto crime de calúnia cometido pelo jornalista em uma reportagem sobre a atuação da polícia civil na operação da favela do Jacarezinho [2]. Vale lembrar, que a intervenção policial na favela do Jacarezinho ocorreu no dia 06/05 deste ano, matou 28 pessoas e é a maior chacina da história do estado do Rio de Janeiro [veja aqui]. Na matéria jornalística, publicada no dia 08/05, Demori expõe indícios sobre a existência de grupo de matadores na Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core) [3]. Demori afirma que os policias que agiram na operação do Jacarezinho estão envolvidos em outras intervenções que resultaram na morte de 41 pessoas e que são conhecidos como ‘facção da Core’ [4]. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) declara que o inquérito aberto contra Demori é uma ‘tentativa de intimidar e censurar os jornalistas’ [5]. O site The Intercept Brasil afirma que ‘não vai se curvar’ a investigação e que ‘a polícia quer intimidar e pressionar o mensageiro’ [6]. O delegado titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) que é um dos autores do pedido de investigação contra Demori, já determinou abertura de investigação contra o youtuber Felipe Netto por vincular o nome de Jair Bolsonaro a alcunha de ‘genocida’ [veja aqui]. Em 2020, o então jornalista e fundador do The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, foi investigado por publicar uma série de reportagens que expunham conversas sobre a operação Lava Jato [veja aqui].
Leia sobre a frequente ação das polícias contra opositores e sobre a falta de fiscalização e comando do trabalho policial no Brasil.