Após ataque de manifestantes ao Supremo Tribunal Federal (STF) com fogos de artifício, simulando um bombardeio [1], atores de Estado reagem de forma divergente. O ataque simbólico aconteceu após o governo do Distrito Federal desmontar um acampamento de apoiadores de Jair Bolsonaro montado na Esplanada dos Ministérios [2] e proibir manifestações na Esplanada no dia seguinte sob a justificativa de que as parte dos protestos seria ‘antinconstitucional’ e as aglomerações seriam ameaça à saúde pública [3]. O ato é elogiado por governadores e ministros do STF [4]. Sobre o ataque com fogos, ministros da corte lançam nota em que afirmam que o STF jamais se sujeitará a ameaça, ‘seja velada, indireta ou direta’ [5]. Contudo, ministros do governo federal reagem de maneira diferente: o da Secretaria-Geral da Presidência repudia o ataque ao Supremo [6], mas o da Justiça, sem se referir diretamente ao caso, afirma em nota dúbia que se deve respeitar o ‘voto popular’ e pede autocrítica das instituições [7]. A Polícia Militar (PM) do DF, por sua vez, teria sido deliberadamente negligente com os manifestantes presentes na Esplanada, permitindo as manifestações mesmo sabendo dos riscos de investidas contra o STF [8], e também leniente na ocasião do desmonte do acampamento, afirmando em nota que não teriam feito ‘nada grave’ [9]. Após o ataque, o Ministério Público Federal também ordenou abertura de inquérito com base na Lei de Segurança Nacional [10]. Vale notar que, além do ataque com fogos, manifestações em Brasília são realizadas apesar da proibição, contando até com a presença do ministro da Educação [veja aqui]. O comportamento da instituição se dá em cenário de sua anuência com o governo Bolsonaro .
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