Possivelmente para solidificar sua base aliada no Congresso Nacional e proteger-se de eventual processo de impeachment, o presidente Jair Bolsonaro nomeia pessoa ligada ao ‘centrão’ para a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Pernambuco [1]. O indicado é Thiago Brandão, ex-assessor parlamentar do Partido Liberal (PL), formado em publicidade e propaganda e sem experiência prévia com questões relacionadas à reforma agrária [2]. Para especialista, o governo contrata pessoas ‘sem competência’ e ‘sem compromisso com a reforma agrária’, o que demonstra sua intenção em acabar com esse procedimento de distribuição de terras e com os movimentos do campo [3]. No ano passado, o presidente também indicou dois atécnicos para o Incra [veja aqui]. Até agosto de 2019, a cada dez indicados por Bolsonaro ao Incra, oito eram apadrinhados de deputados federais e outros dois eram indicados por prefeitos ou entidades de classe [4]. Também prevaleceu a escolha por ruralistas [5] e militares [6]. Em governos anteriores, a indicação de aliados políticos também ocorria [7], porém havia espaço para a participação de técnicos [8] e movimentos sociais [9]. Os acontecimentos enquadram-se no desmonte das políticas de reforma agrária promovido pelo governo Bolsonaro, que suspendeu reiteradamente esse procedimento [veja aqui] [veja aqui], reduziu o número de famílias assentadas [veja aqui] e substituiu a presidência do Incra para atender aos interesses dos ruralistas [veja aqui]. O presidente também é forte opositor do Movimento Sem Terra e constantemente qualifica-os como ‘terroristas’ [veja aqui] [veja aqui].
Leia mais sobre a história do Incra, o que é a reforma agrária e como os movimentos sociais trabalharam para concretizá-la.