Como na semana [veja aqui] e mês anteriores [veja aqui], o presidente da República Jair Bolsonaro descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 15/07, disse em rede social que não teria recomendado a cloroquina, mas que, no seu caso o tratamento teria funcionado [1] – o que rivaliza com as frequentes defesas do presidente ao medicamento [veja aqui]. Em 16/07, disse que é ‘neurose’ realizar isolamento social contra a doença e que as mortes pela covid-19 são inevitáveis em transmissão online [2]. Na mesma ocasião, voltou a defender o uso da cloroquina, alegando que não há comprovação científica para sua ineficácia [3] e que seu ex-ministro da Saúde teria causado pânico desnecessário [4] [veja aqui]. Em 18/07, anunciou que estaria também tomando um vermífugo para se tratar de covid-19, cuja eficácia também não é comprovada [5]. Em 20/07, declarou que dois ministros de seu governo tomaram hidroxicloroquina e se recuperaram [6] e, no mesmo dia, endossou publicação de associação médica em prol da autonomia de prescrever medicamentos contra a covid-19, mesmo sem comprovação científica, apesar de, dias antes, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) ter divulgado nota afirmando que o uso da cloroquina deve ser abandonado em qualquer fase do tratamento da doença [7]. Entre 15 e 21/07 o número de infectados pela covid-19 no país subiu de quase 2 milhões [8] para mais de 2,1 milhões [9] e as mortes atingiram o patamar de cerca de 82 mil pessoas [10], segundo dados do consórcio de veículos da imprensa.
Leia a análise sobre o momento do país quanto ao número de mortes por covid-19 e as perspectivas.