União é acionada em ação proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) por conta do tratamento conferido às mulheres pelo presidente Jair Bolsonaro e seus ministros [1]. O MPF ajuíza ação objetivando ter acesso a R$ 10 milhões do orçamento do governo federal para que o valor seja revertido em campanhas de conscientização dos direitos das mulheres, tendo em vista falas e ações discriminatórias de Bolsonaro e demais ministros em relação a elas [2]. A medida reúne uma série de episódios discriminatórios: falas de Bolsonaro no sentido de que seria tudo bem vir ao Brasil para ‘fazer sexo com uma mulher’ mas que o país não poderia ser o ‘paraíso do turismo gay’ [veja aqui]; manifestação sobre o desmatamento na Amazônia em que ele disse ‘O Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer’ [3]; ataque do Ministro da Economia, Paulo Guedes, à esposa do presidente francês ao chamá-la de ‘feia’ [veja aqui]; discurso da Ministra da Mulher, Damares Alves, de que a mulher ‘deve ser submissa dentro da doutrina cristã’ [4], entre outras falas. A ação também menciona ações do governo federal, como a revogação de nota técnica do Ministério da Saúde que recomendava o acesso a métodos contraceptivos e a prática abortiva nos casos permitidos por lei [5]. Os procuradores apontam que as falas configuram abuso da liberdade de expressão e atentam contra a dignidade da pessoa humana, protegida pela Constituição [6]. Em outra oportunidade, Bolsonaro foi denunciado no Conselho de Direitos Humanos da ONU por conta de 54 ataques a mulheres jornalistas [veja aqui].
Leia retrospecto do primeiro ano do governo Bolsonaro em relação aos direitos das mulheres, e análises sobre como os ataques enfraquecem a luta por igualdade de gênero, os riscos à liberdade de expressão nesse contexto e a necessidade de igualdade de gênero como requisito para a eficácia da imprensa – em inglês.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.