Presidente Jair Bolsonaro afirma que Brasil ‘está de parabéns’ pelo modo como preserva o meio ambiente, mesmo com recorde de queimadas no Pantanal e alta de desmatamento na Amazônia [1]. Em discurso na inauguração de usina na Paraíba, Bolsonaro alegou que o Brasil ‘é o país que mais preserva o meio ambiente’ e disse não entender como ‘é o país que mais sofre ataques’ no que toca a preservação ambiental [2]. A fala ocorre após divulgação de dados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que aponta aumento superior a 200% nas queimadas ocorridas no Pantanal entre janeiro e setembro deste ano, em comparação ao mesmo período no ano passado [3]. Já sobre o desmatamento na Amazônia, o Inpe registrou crescimento de 34,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020, em comparação ao mesmo período nos anos de 2018 e 2019 [4]. Dois dias antes do discurso presidencial, um grupo formado por oito países europeus encaminhou carta ao governo brasileiro solicitando a adoção de ‘ações reais’ de combate ao desmatamento amazônico, e informou que o crescimento no desflorestamento dificulta a compra de produtos brasileiros [5]. Poucos dias após a declaração de Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirma em entrevista que Ibama e ICMBio estão ‘sucateados’, por perderem ‘praticamente a metade de seus agentes’ [6]. Em outras oportunidades, Bolsonaro criticou decreto que proíbe queimadas controladas e acusou indígenas pelos incêndios [veja aqui] e disse, em reunião com presidentes de outros países, que os incêndios na Amazônia seriam mentira [veja aqui]. Já Mourão divulgou dados falsos sobre desmatamento [veja aqui], disse junto ao ministro do Meio Ambiente que não existiriam queimadas na Amazônia [veja aqui] e que opositor do governo no Inpe seria responsável por divulgar dados negativos sobre queimadas [veja aqui]. O ministro do Meio Ambiente, por sua vez, anunciou a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia e Pantanal, e voltou atrás na sequência [veja aqui]. Na semana seguinte, o presidente traz de novo à tona retórica inverídica sobre a preservação ambiental na ONU [veja aqui] [7].
Leia análises sobre as causas e os tipos de queimadas na Amazônia, como isso afeta a fauna e flora, os riscos da omissão na proteção ambiental para a exportação brasileira, e veja plataforma de monitoramento do desmatamento amazônico – em inglês.