Presidente Jair Bolsonaro minimiza os efeitos da pandemia e critica isolamento social em pronunciamentos seguidos, um dia após o outro [1] [2]. No dia 18, em evento no Mato Grosso, o presidente minimiza os efeitos da covid-19 ao parabenizar agricultores por não pararem de trabalhar durante a pandemia e não entrarem ‘na conversinha mole de ficar em casa’, e complementa ao dizer que ‘isso é para os fracos’ [3]. No dia seguinte, após o Brasil ultrapassar a marca de 4,5 milhões de casos e 135 mil óbitos em decorrência do coronavírus [4], Bolsonaro afirma que se no início da pandemia o governo foi motivo de ‘chacota’, hoje ‘graças a Deus estamos vendo que estávamos no caminho certo’, em evento na igreja Assembleia de Deus em Brasília [5]. Ele ainda alega que a normalidade deva ser reestabelecida até o fim do ano e que o Brasil é o país que melhor lidou com os impactos econômicos durante a pandemia [6]. Dados de instituto de pesquisa revelam que com a pandemia o nível de desigualdade social aumentou, sendo registrada perda média de 20,1% na renda dos brasileiros [7]. Desde o início da pandemia, Bolsonaro vem minimizando os efeitos da doença, tendo respondido ‘e daí?’ ao ser indagado sobre o aumento de mortes no país [veja aqui], defendido a ‘volta à normalidade’ e chamado a covid-19 de ‘gripezinha’ [veja aqui] e, mais recentemente, alegado que o Brasil está ‘praticamente vencendo’ a pandemia e que é um dos ‘menos afetados’ pelo coronavírus [veja aqui]. O presidente também incentivou a invasão a hospitais [veja aqui] e, semanalmente, cometeu atos contra recomendações médicas e sanitárias [veja aqui].
Veja retrospectivas de outras falas de Bolsonaro minimizando os efeitos da pandemia no Brasil.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.