Levantamento desta data revela que, durante um ano de atuação, o Procurador Geral da República (PGR), Augusto Aras, demonstrou alinhamento com o governo federal em mais de 30 oportunidades [1]. A tendência de alinhamento já havia sido observada em 2019 ainda no primeiro mês de Aras no cargo [veja aqui]. Logo no início de 2020, em conformidade com os interesses do presidente, o PGR deixou de mencionar a participação de Bolsonaro nos atos pró-intervenção militar no pedido de abertura de inquérito para investigar tais manifestações [2] [veja aqui]. Em maio, apresentou parecer favorável a imposição de sigilo às gravações da reunião ministerial [3] [veja aqui]. E no mesmo mês, no contexto da investigação conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre possível interferência de Bolsonaro na Polícia Federal [veja aqui], realizou manifestação contra o pedido de apreensão do celular do presidente da República [4] e se recusou a abrir investigação criminal contra o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno [veja aqui]. Em junho, o PGR deu entrevista à Rede Globo e sugeriu que a interferência das Forças Armadas estaria autorizada pela Constituição Federal [5] [veja aqui]. Ainda, editou recomendação orientando integrantes do Ministério Público Federal (MPF) a não utilizarem instrumentos judiciais para contestar decisões tomadas pelo Executivo durante a pandemia [6] [veja aqui]. Aras tem se notabilizado também por adotar uma postura de centralização do MPF e maior controle sobre as Forças Tarefas da Operação Lava Jato [veja aqui], movimento que estaria ajustado aos interesses do governo [7]. Vale notar que Bolsonaro já anunciou publicamente que Aras pode ser indicado para uma vaga no STF [8] [veja aqui].
Leia análises sobre a atuação do PGR no governo Bolsonaro, críticas ao seu alinhamento com o presidente e entenda qual a função da PGR de acordo com a Constituição.