Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde quintuplica oferta de cloroquina aos estados e municípios, a despeito da falta de evidências científicas de sua eficácia

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Ministério da Saúde (MS) quintuplica distribuição de cloroquina e hidroxicloroquina para estados e municípios, mesmo sem eficácia científica comprovada de que os medicamentos combatem o coronavírus [1]. De acordo com apuração da imprensa realizada nesta data, de março a julho de 2020 já foram encaminhados 6,3 mihões de comprimidos pelo MS ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que representa crescimento de 455% em relação ao mesmo período no ano passado[2]. A ação se mostra como tentativa de circular na rede pública doses dos medicamentos que foram doadas pelos EUA e se encontravam em estoque [3]. A postura do MS vai ao encontro da defesa da cloroquina realizada pelo presidente Bolsonaro [veja aqui], e a apuração demonstra que a distribuição acelerou entre maio e junho, período que coincide com as saídas de Luiz Mandetta [veja aqui] e posteriormente Nelson Teich [veja aqui] do cargo de ministro da Saúde, ambos contra o aumento da oferta dos medicamentos e extensão aos casos mais leves [4]. O atual ministro na Saúde, Eduardo Pazuello [veja aqui], afirma que o crescimento na distribuição decorre de damandas estaduais e municipais [5]. O levantamento realizado pela imprensa, no entanto, verificou que em alguns estados a quantidade de medicamentos recebida foi maior do que a utilizada na rede pública [6]. Em julho, a Organização Mundial da Saúde resolveu interromper testes com hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus, depois de outros estudos apontarem sua falta de eficácia [7]. Já a Sociedade Brasileira de Infectologia publicou comunicado propondo o abandono dos medicamentos em qualquer fase da doença [8]. O MS, em nota, afirma que a distribuição dos medicamentos ocorre segundo os pedidos e planejamentos da pasta, tendo por base ‘estudos existentes no Brasil e no mundo’, sem apontar, no entanto, quais são essas pesquisas [9]. Dias depois, deputada da oposição denuncia os ministros da Saúde e Defesa por suposto crime de responsabilidade incorridos em razão de gastos públicos irregulares com a produção de hidroxicloroquina [10] [veja aqui]. Em oportunidade anterior, levantamento informou que os governos federal, estaduais e municipais já gastaram ao menos R$ 18 milhões com medicamentos sem eficácia comprovada desde o início da pandemia [veja aqui]

Veja lista de 10 pontos centrais para entender a cloroquina e hidroxicloroquina no contexto pandêmico, análise que aponta a preocupação de médicos com a aposta feita pelo Ministério da Saúde, e avaliação que demonstra a falta de outros medicamentos básicos no SUS e a sobrecarga de cloroquina

05 set 2020
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