O vice-presidente, Hamilton Mourão, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicam em suas redes sociais vídeo produzido por associação de pecuaristas com o título ‘A amazônia não está queimando’ [1]. O vídeo nega as notícias sobre a existência de queimadas na região amazônica e utiliza imagem de mico-leão-dourado – animal típico da Mata Atlântica – para passar a mensagem [2]; além disso, o vídeo viola direitos autorais, uma vez que são identificadas imagens produzidas em 2015 pela organização Greenpeace para campanha pela demarcação de terras indígenas [3]. A publicação do vídeo pelas autoridades ocorre logo após críticas do ator estadunidense Leonardo Dicaprio – atacado em 2019 pelo presidente [veja aqui] e em agosto de 2020 pelo vice-presidente [veja aqui] – ao compartilhar postagem da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) crítica ao governo [4]. Dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) corroboram o aumento de focos de calor registrados na Amazônia no período de janeiro a setembro de 2020, contabilizando 56.425 queimadas, um aumento de 6% em comparação ao mesmo período no ano passado [5]. O vídeo é retirado do ar após notificação das redes sociais pelo Greenpeace, que também publica nota repudiando a ‘propagação de fake news’ pelo governo federal [6]. Dois dias depois, o vice-presidente defende o vídeo e afirma tratar-se de uma ação de ‘contrapropaganda’ [7]. Na semana seguinte, Mourão – que já tinha divulgado em agosto dados falsos sobre desmatamento na Amazônia [veja aqui] – declara que a propagação de informações alarmantes sobre as queimadas ocorre porque ‘alguém lá de dentro que faz oposição ao governo’, em referência a funcionário do órgão [8]. A situação de desmatamento na Amazônia também desencadeia ação conjunta de organizações do meio ambiente e empresas do agronegócio, que apresentam ao governo documento com propostas para aumentar fiscalização e garantir o uso sustentável da floresta [9].
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