Em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) [1], o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirma que não há omissão do governo na política ambiental e que isso é usado por quem quer ‘prejudicar o Brasil e derrubar o presidente Jair Bolsonaro’ [2]. Heleno critica, ainda, ONGs que, segundo ele, ‘têm por trás potências estrangeiras’ e diz que os incêndios nas florestas ‘têm a ver com fenômenos naturais’ [3]. Um dia depois, diante da ameaça de países europeus em endurecer regras para importação de produtos produzidos em áreas de desmatamento ilegal [4], o general afirma que o governo pode retaliar países que boicotem importações brasileiras e que os incêndios no Pantanal foram acidentais [5][veja aqui]. As políticas antiambientais do governo brasileiro têm repercutido no cenário internacional. Em 2019, o acordo entre Mercosul e União Europeia foi questionado , ocorreram tensões diplomáticas entre Brasil e França [veja aqui] e Bolsonaro foi representado no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes ambientais [veja aqui]. Em encontro internacional, o presidente chegou a afirmar que há uma ‘psicose ambientalista’ contra o Brasil [veja aqui] e o ministro de relações exteriores já afirmou que existe um ‘alarmismo climático’ [veja aqui] contra o governo Bolsonaro. Também já ocorreram no passado outros discursos alarmistas sobre alegadas conspirações: em abril deste ano, o presidente levantou suspeita de conspiração de Rodrigo Maia e outros atores para ‘derrubá-lo’[veja aqui] e em junho reforçou tal discurso [veja aqui]; ano passado, Bolsonaro já havia aventado possível conspiração midiática contra seu governo [veja aqui].
Leia a análise sobre o autoritarismo na política ambiental