Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Secretário de Estado estadunidense visita fronteira brasileira com Venezuela para causar pressão e conta com apoio de Ernesto Araújo

Tema(s)
Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, acompanha o secretário de Estado estadunidense, Mike Pompeo, em visita às instalações da Operação Acolhida, em Boa Vista (RR), que abriga refugiados venezuelanos; a ação ocorre no contexto da disputa eleitoral dos Estados Unidos (EUA) e busca impulsionar a comunicação do presidente Donald Trump com eleitores latinos [1]. Na oportunidade, Pompeo critica o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e afirma que a missão dos EUA é ‘garantir que a Venezuela tenha uma democracia’ [2]. Tais declarações são apoiadas por Araújo, que chama o país vizinho de ‘narcorregime’ e diz que o Brasil apoia junto aos EUA o opositor e autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaió [3]. Em reação à postura do ministro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), emite nota considerando que a visita ‘não condiz com a boa prática diplomática internacional’[4]. A nota é respaldada por 6 ex-chanceleres, que ‘condenam a utilização espúria do solo nacional por um país estrangeiro como plataforma de provocação e hostilização’ [5]. O presidente Bolsonaro, por sua vez, publica nas redes sociais mensagem em defesa de Pompeo e Araújo, reforçando a política de ‘alinhamento’ entre Brasil e EUA [6]. Três dias depois, o Senado vota a favor de requerimento para que o ministro compareça à Comissão de Relações Exteriores e preste esclarecimentos [7]. A proposta de aproximação com os EUA é referida desde 2019 por Bolsonaro [veja aqui] e, neste ano, já foram realizados discursos oficiais do mesmo atacando a Venezuela [veja aqui], sendo ordenada inclusive a expulsão de diplomatas do país vizinho [veja aqui].

Leia análises sobre o alinhamento externo entre Brasil e EUA, e a relação diplomática com a Venezuela a partir do governo Bolsonaro.

18 set 2020
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