O vice-presidente da República e coordenador do Conselho Nacional da Amazônia [veja aqui], Hamilton Mourão, afirma, sem citar nomes ou provas, que ‘alguém’ no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que faz ‘oposição’ ao governo Bolsonaro prioriza a divulgação de dados negativos sobre queimadas [1]. A afirmação ocorre no momento em que os dados divulgados pelo órgão retratam o maior número de queimadas na Amazônia e no Pantanal desde 2010 [2]. Contrariando esses números, o vice-presidente divulga dados falsos sobre desmatamento [veja aqui] e nega a existência de queimadas na Amazônia [veja aqui]. Diante da acusação, o pesquisador Gilvan Sampaio, responsável do Inpe pelo monitoramento das queimadas, afirma que ‘jamais faria manipulação de dados’ [3]. Além das críticas, técnicos vinculados ao Inpe denunciam o corte das verbas destinadas ao Instituto [4] e a existência de uma ‘estrutura paralela’ no órgão [5]. O Inpe já teve seu diretor exonerado, após o órgão divulgar dados referentes ao desmatamento [veja aqui], e já teve seus dados contestados pelo presidente Jair Bolsonaro [veja aqui]. Essas ações inserem-se na política ambiental do governo, Bolsonaro já afirmou existir no Brasil uma ‘psicose ambientalista’ [veja aqui] e que seu governo não deveria ser perturbado com a questão ambiental [veja aqui]. Além disso, o presidente já acusou ONGs de promoverem incêndios na Amazônia [veja aqui] e disse que as queimadas são ‘mentira’ [veja aqui]. Inclusive, uma semana depois do presente ocorrido, Bolsonaro deu discurso na ONU se colocando como vítima de camapanha de desinformação sobre sua políitca ambiental [veja aqui]. Também não foi a primeira vez que o governo se posicionou contra o dissenso em órgãos públicos: diversas comissões de ética de órgãos federais [veja aqui] e a CGU [veja aqui] já alertaram sobre a possibilidade de punir funcionários que se manifestassem em redes sociais e o Ministério da Justiça realizou dossiê sobre o posicionamento político de 579 servidores [veja aqui].
Veja a análise sobre o protagonismo do vice-presidente na questão da Amazônia.