Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro associa cor de refrigerante à sexualidade, em comentário homofóbico

Tema(s)
Gênero e orientação sexual
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Em visita oficial ao Maranhão, o presidente Jair Bolsonaro toma refrigerante rosa tradicional no Estado e comenta, por conta da cor da bebida, ‘Agora eu virei boiola. Igual maranhense, é isso?’ [1]. Depois, volta a fazer o mesmo comentário e diz ‘Guaraná cor-de-rosa do Maranhão, fudeu, fudeu. É boiolagem isso aqui’ [2]. As falas foram gravadas durante uma transmissão ao vivo feita por sua equipe em suas redes sociais [3]. No vídeo, o presidente se encontra em meio a aglomeração de pessoas e não usa máscara, contrariando recomendações médicas e sanitárias [4] [veja aqui]. Em live realizada nessa mesma noite, o presidente pede desculpas pela polêmica e diz que fez uma ‘brincadeira’ sem a intenção de ofender ‘o pessoal do Maranhão’ [5]. O governador do Maranhão, Flavio Dino (PcdoB), fala em ‘falta de educação e decoro’ e ‘piada sem graça’ por parte do presidente [6]. Parlamentares do PSOL anunciam que vão acionar o Ministério Público Federal (MPF) para que esse investigue o presidente por prática do crime de homofobia em razão das falas [7]. No dia 11/11, em resposta a representação feita por parlamentares do PSOL, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do MPF, conclui que as condutas do presidente merecem ser investigadas por, em tese, configurarem crime de racismo, que caracteriza-se também nos casos em que há manifestações homofóbicas ou transfóbicas [8]. A PFDC determina que o caso seja encaminhado para o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que este tome as providências que entender cabíveis, como acionar o Supremo Tribunal Federal para que este analise as condutas de Bolsonaro [9]. Os comentários do presidente se assemelham com outras manifestações já feitas por ele sobre pessoas LGBTs, também em tom discriminatório [veja aqui]. Em 2019, por exemplo, Bolsonaro se referiu a Jean Willys como ‘a menina’ e espalhou notícia falsa de que David Miranda comprou seu mandato na Câmara [veja aqui]. Em relação aos nordestinos, também já se referiu em tom discriminatório, chamando-os de ‘paraíbas’ e dizendo que o governador do Maranhão, em específico, seria o pior de todos da região [veja aqui].

Leia análise sobre os retrocessos enfrentados pela população LGBT+ no primeiro ano do governo Bolsonaro e ouça podcast sobre os limites do humor e manifestações discriminatórias feitas em tom de ‘piada’.

29 out 2020
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