Como no mês anterior [veja aqui], o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 19/10, o presidente voltou a dizer que uma vacina contra o coronavírus não seria obrigatória ‘e ponto final’ [veja aqui], como já afirmou em meses anteriores [veja aqui]. Na ocasião, disse que o governador de São Paulo, João Doria, estaria ‘levando terror perante a opinião pública’ [1]; tal discurso em crítica ao modo como Doria vem enfrentando a pandemia já ocorreu antes [veja aqui], bem como a alusão a um ‘pânico’ desnecessário [veja aqui]. Em 21/10, a disputa em torno da vacinação se acirra, com o presidente afirmando em rede social que a vacina que utiliza de tecnologia chinesa não será comprada e reforçando a oposição ao governador paulista [veja aqui]. Mais tarde, em evento no interior de São Paulo, o presidente defendeu que ‘toda e qualquer vacina’ estaria descartada e disse que ‘não abre mão’ de sua autoridade [2]. Na mesma ocasião, disse que a vacina deveria ter ‘comprovação científica’, ao contrário da hidroxicloroquina [3] – medicamento sem eficácia comprovada, que ele defende usar para tratamento desde o começo da pandemia [veja aqui] e cujo uso já foi interrompido em testes pela OMS desde julho [veja aqui]. Em seus termos, ‘A vacina tem que ter uma comprovação científica, diferentemente da hidroxicloroquina’ [3]. Entre 15/10 e 21/10, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de quase 5,2 milhões [4] para mais de 5,3 milhões [5] e as mortes superaram a marca de 155 mil pessoas [6], segundo dados do consórcio de veículos da imprensa.
Leia análise sobre a posição de Bolsonaro quanto à vacina no contexto de sua relação com os outros poderes.