O coordenador de articulação e apoio às comunidades remanescentes dos quilombos da Fundação Cultural Palmares (FCP), Victor Barbosa, nega a crueldade da escravidão no Brasil, e cita sociólogo brasileiro ao dizer que os escravos tinham vida ‘quase de anjo’ [1]. Barbosa cita Gilberto Freyre que, ao comparar a situação de operários ingleses e escravos no Brasil, vê os segundos como ‘privilegiados’. Em seguida, Barbosa cita diplomata conservador brasileiro para defender o colonialismo e conclui que se não fosse tal prática ‘seríamos terra de tupiniquins’ [2]. As falas de Barbosa não são isoladas; em suas redes sociais, antes da nomeação ao cargo, ele já criticou Zumbi dos Palmares [3]. O presidente da FCP, Sérgio Camargo, em outras oportunidades, também atacou a imagem de Zumbi [veja aqui], chamou o movimento negro de ‘escória maldita’ [veja aqui], censurou a biografia de líderes negros do portal da FCP [veja aqui] e retirou o nome de adversários políticos da lista de personalidades negras do site da instituição [veja aqui]. Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro, enquanto deputado federal, foi condenado a indenizar comunidades quilombolas por danos morais [4]. Já durante o governo, os grupos quilombolas sofrem baixa histórica no reconhecimento de seus territórios [veja aqui], e vêm sendo omitidos nas estratégias de enfrentamento da covid-19 [veja aqui].
Leia análise detalhada sobre a escravidão brasileira, sobre a obra controversa do sociólogo brasileiro, e sobre racismo científico no Brasil.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.