O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mobiliza servidores da Advocacia Geral da União (AGU) para ingressar com ação contra o ambientalista Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima [1]. Astrini é intimado a prestar esclarecimentos sobre críticas ao discurso de Salles durante a reunião ministerial de 22/04, em que o ministro afirmou que era momento de ‘passar a boiada’, em referência a flexibilizar a legislação ambiental [veja aqui]. A entrevista com o ambientalista, publicada no mês de maio, compara a fala do ministro a uma convocação de uma ‘força tarefa de destruição do meio ambiente’ [2]. Um grupo de 88 entidades não governamentais repudia a atitude do ministro e condena o uso político da AGU [3]. Salles já se utilizou da AGU em outra ocasião para interpelar seus críticos – neste outro caso, o pesquisador intimado não quis se identificar [4]. Durante o governo Bolsonaro, a AGU tem atuado, por diversas vezes, em alinhamento com os interesses do governo. A instituição já divulgou nota afirmando que pretende ajuizar ações contra medidas por governadores e prefeitos por ocasião do combate à covid-19 [veja aqui], já defendeu em parecer que podem existir ‘interpretações divergentes’ sobre o período da ditadura militar brasileira [veja aqui], já impetrou habeas corpus em favor do ministro da Educação [veja aqui] e até ajuizou ação no STF contra decisão desfavorável a aliados do governo [veja aqui]. Ainda, sobre a pauta do meio ambiente, a AGU protocolou ação de inconstitucionalidade visando a nulidade de dispositivos do Código Florestal [veja aqui] e elaborou pareceres que fundamentam a anistia de desmatadores e a produção em áreas de preservação [veja aqui].