Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Presidente da Fundação Palmares retira nomes da lista de personalidades negras da instituição

Tema(s)
Cultura, Informação, Raça e etnia
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Sergio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), retira nome de Marina Silva (Rede) e outras personalidades da lista de personalidades negras [1] da Fundação [2]. Em sua rede social, ele afirma que ‘Marina não tem contribuição relevante para a população negra do Brasil’ [3], e não teve contribuição verdadeira para a pauta ambientalista. Segundo Camargo, ela, bem como ‘Jean Willys, Talíria Petrone, David Miranda (branco) e Preta Gil também são pretos por conveniência’ [4]. No mês passado, ele já tinha retirado o nome de Benedita da Silva (PT), candidata à prefeitura do Rio de Janeiro, alegando que ela ‘responde pelo crime de improbidade administrativa’ [5]. Em nota, a Rede Sustentabilidade [6], o Partivo Verde (PV) [7] e o Partido dos Trabalhadores (PT) [8] repudiam as decisões, classificando-as como um ‘ataque a história dos negros do país’ e como uma tentativa do atual governo de apagar da memória ‘narrativas do povo negro’. Marina Silva também se manifesta, dizendo que ‘todas as pessoas excluídas não o foram por serem irrelevantes, mas exatamente pela importância das causas que defendem’ [9]. Em 11 de novembro, Sérgio Camargo anuncia novas mudanças e retira outros nomes da lista [10]. Em seguida, a deputada estadual, Leci Brandão (PC do B), contesta a decisão e diz que Camargo ‘quer aparecer’ e procura sempre ‘uma forma de humilhar, desmerecer’ a história da ‘população negra’ [11]. Depois, Martinho da Vila, também retirado da lista, comenta a ação e diz que ficou ‘contente’, pois se ‘desvincula’ da ‘organização que não é mais minha, nossa, entendeu?’ [12]. Em 2 de dezembro, Sergio divulga lista oficial das personalidades excluídas [13]. No dia 9 de dezembro, por meio de decreto legislativo, o Senado suspende a portaria da Fundação Palmares e a proposta segue para a Câmara [14]. Vale lembrar que em oportunidades anteriores Camargo ordenou censura a outras biografias negras na própria instituição [veja aqui], atacou a imagem de Zumbi dos Palmares [veja aqui], e se referiu ao movimento negro como ‘escória maldita’ [veja aqui]. Em março de 2021 a Justiça Federal do Distrito Federal determina que a Fundação insira novamente os nomes de Benedita da Silva, João Francisco dos Santos, o Madame Satã e de Marina Silva, a lista de personalidades negras [15].

Leia entrevista com ex-diplomata e ex-presidenta da FCP sobre o racismo estrutural no Brasil.

13 out 2020
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