Apuração de veículo de imprensa revela, nesta data, que a produtora Astronautas Filmes, que presta serviços ao governo federal, realizou, gratuitamente, a cobertura da inauguração da empresa de Renan Bolsonaro, um dos filhos do presidente da República, em outubro [1]. Segundo informaram diferentes ministérios, a soma dos contratos já estabelecidos com a empresa totaliza R$ 1,4 milhão [2]. A produtora alega que a cobertura foi feita por meio de permuta [3], mas especialistas apontam que, independente dos termos do contrato, o episódio fere o princípio constitucional da impessoalidade na administração pública [4]. Outra apuração divulgada em 01/12 mostrou que Renan Bolsonaro fez a interlocução para que uma fornecedora que patrocina sua empresa conseguisse uma reunião com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho [5]. Dias depois, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) pediu à Procuradoria-Geral da República a abertura de um inquérito para investigar possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro [6], e reiterou o pedido após a revelação desta data [7]. Esse não é o primeiro caso em que interesses pessoais da família presidencial se mesclam com interesses públicos [8]: o presidente já sinalizou a intenção de indicar um de seus filhos para o cargo de embaixador nos Estados Unidos [veja aqui]; redirecionou o dinheiro doado para enfrentamento da covid-19 a um programa liderado pela primeira-dama, Michele [veja aqui], e colocou membros de órgãos federais para discutir a defesa de seu primogênito, Flávio Bolsonaro, no esquema de ‘rachadinhas’ [veja aqui].
Leia análises sobre o histórico da relação de Renan Bolsonaro com o governo do pai e sobre o problema por trás da mistura de interesses pessoais com interesses públicos.